Como Kamala Harris e os swifties podem moldar as eleições americanas de 2024

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Nas eleições de 2024, o poder dos fandoms está emergindo como uma força política significativa. A vice-presidente Kamala Harris, candidata à presidência, está habilmente capitalizando essa tendência, alinhando sua campanha com fãs de artistas pop como Taylor Swift, Megan Thee Stallion e Charli XCX. Esses fandoms, formados por jovens, mulheres e LGBTQ+, estão cada vez mais envolvidos na política, conectando suas identidades e valores às causas defendidas por suas ídolas.

Além disso, a campanha de Harris está utilizando as redes sociais de maneira estratégica, criando hashtags e lançando desafios virais para engajar ainda mais esses grupos. A presença frequente da candidata em eventos de cultura pop e colaborações com influenciadores digitais aumentam sua visibilidade entre eleitores jovens.

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Com isso, Harris espera reverter a tendência de abstenção eleitoral entre os mais jovens e mobilizar uma base de apoio leal e entusiasmada. Essa tática inovadora demonstra como a política moderna está se adaptando às novas dinâmicas sociais e culturais, dando voz a grupos que tradicionalmente eram marginalizados nos processos eleitorais.

Recentemente, um evento que combinou a cultura pop com política, chamado “Backstage with the Swifties”, destacou a interseção entre o fandom e o ativismo político. No entanto, não é apenas um jogo de popularidade. O fandom se tornou uma maneira de os eleitores expressarem suas identidades e valores mais profundos, que muitas vezes estão alinhados com políticas progressistas, como a defesa dos direitos reprodutivos e a proteção da comunidade LGBTQ+.

O envolvimento de celebridades na política não é novo, mas a maneira como os fãs agora se organizam em torno de questões políticas demonstra a evolução desse fenômeno. Em 2020, fãs de K-pop se organizaram contra Donald Trump, e em 2024, fandoms como os Swifties estão prontos para usar seu poder de mobilização para influenciar os resultados eleitorais.

Rumores sobre uma possível aparição de Beyoncé na Convenção Nacional Democrata, bem como o apoio implícito de Taylor Swift a Harris, mostram como a campanha está inteligentemente utilizando a cultura pop para conectar-se com eleitores. Esses movimentos não são apenas simbólicos; eles têm um impacto real na base eleitoral.

O papel das celebridades e seus fandoms na política contemporânea representa uma nova dinâmica, onde as paixões pessoais e políticas se entrelaçam. À medida que a campanha avança, será interessante ver até que ponto o fandom pode moldar os resultados das eleições e se essa tática inovadora poderá realmente colocar Kamala Harris na Casa Branca.

Para aprofundar um pouco dos conceitos sobre estudo de Fandom

Estudos sobre fandom têm se expandido consideravelmente nas últimas décadas, abordando o impacto dos fãs na cultura popular, política e economia. Entre os principais autores, Henry Jenkins é fundamental com sua obra “Textual Poachers”, onde ele introduz o conceito de participatory culture (cultura participativa), que descreve como os fãs não são apenas consumidores passivos, mas também criadores e influenciadores ativos.

Outro conceito central é o de affective economies (economias afetivas), explorado por autores como Sarah Banet-Weiser e Matt Hills. Esse conceito se refere à maneira como as emoções e os vínculos pessoais entre fãs e suas paixões se transformam em formas de capital cultural e social.

Cornel Sandvoss, em sua obra “Fans: The Mirror of Consumption”, explora o fandom como um reflexo dos padrões de consumo contemporâneos, argumentando que o envolvimento dos fãs com seus objetos de adoração muitas vezes transcende o entretenimento e toca em aspectos de identidade pessoal.

Além disso, Jonathan Gray e Lynn Zubernis contribuem para o entendimento do fandom com ênfase na interseção entre o consumo de mídia e a expressão de identidade pessoal, destacando como o fandom se tornou uma plataforma de expressão política e social.

Esses conceitos ajudam a entender como os fandoms funcionam como comunidades que não apenas apoiam, mas também moldam o sucesso de fenômenos culturais, muitas vezes estendendo sua influência para arenas como a política, conforme visto no caso de Kamala Harris e os Swifties.

Fandoms na política: uma história que se repete na História

A interseção entre política e cultura pop tem sido evidente em vários exemplos históricos. Aqui estão alguns notáveis:

  1. Barack Obama e o Hip-Hop: Obama frequentemente se associou a artistas de hip-hop como Jay-Z e Beyoncé, que participaram de seus eventos de campanha e arrecadação de fundos. Essa conexão ajudou a energizar eleitores jovens e afro-americanos.
  2. Donald Trump e a WWE: Antes de entrar na política, Trump apareceu em eventos da WWE, incluindo a WrestleMania. Essa associação com a cultura do wrestling reforçou sua imagem de “outsider” na política.
  3. Ronald Reagan e Hollywood: Antes de se tornar presidente, Reagan era um ator de Hollywood. Durante sua presidência, ele usou sua habilidade midiática para se conectar com o público, promovendo uma narrativa otimista e patriótica.
  4. Bill Clinton e o Saxofone: Clinton tocou saxofone no programa de televisão The Arsenio Hall Show durante sua campanha de 1992, o que ajudou a humanizá-lo e a aproximá-lo de eleitores mais jovens.
  5. Taylor Swift e as Eleições de 2018: Swift fez sua primeira declaração política em 2018, apoiando candidatos democratas em suas redes sociais. Sua intervenção foi vista como um momento significativo, levando a um aumento no registro de eleitores entre jovens.

E no Brasil?

E por aqui, embora a gente tenha uma larga lista de cantores de comícios (quando isso era permitido) um paralelo atual tem a ver com o coach da montanha…o intragável Pablo Marçal.

Pablo Marçal, conhecido como um influenciador digital e empresário, entrou na corrida para o governo de São Paulo nas eleições de 2024. Marçal é uma figura polêmica, com uma base de seguidores leal que ele construiu principalmente através de suas redes sociais, onde promove suas ideias e negócios.

Recentemente, a campanha de Marçal sofreu um golpe significativo com a suspensão de suas contas nas principais plataformas de redes sociais, incluindo Instagram e Facebook. As suspensões ocorreram devido a denúncias de violação das políticas das plataformas, que incluíam a disseminação de desinformação e conteúdo considerado inapropriado ou violento. Essa suspensão dificultou sua comunicação direta com seus seguidores, o que afetou a estratégia de campanha, que dependia fortemente do engajamento nas redes sociais para mobilização e divulgação de suas propostas.

Marçal se manifestou publicamente contra as suspensões, alegando que se tratava de uma tentativa de silenciá-lo e impedir sua candidatura. Ele prometeu recorrer legalmente contra as decisões das plataformas, argumentando que houve uma violação de sua liberdade de expressão. Esse incidente também trouxe à tona discussões sobre o papel das redes sociais na política e como as empresas de tecnologia têm o poder de influenciar campanhas políticas ao controlar o acesso às plataformas.

A suspensão das redes sociais de Marçal teve um impacto direto na visibilidade de sua campanha e na capacidade de mobilizar seus eleitores. Sua campanha precisou adaptar-se rapidamente, utilizando outros meios de comunicação, como eventos presenciais e coligações com políticos locais, para manter o impulso eleitoral. Mesmo com esses desafios, Marçal continua a ter uma presença significativa entre seus seguidores mais fiéis, mas enfrenta dificuldades em expandir sua base de apoio em um cenário político competitivo como o de São Paulo.

Ou seja: Fandoms na política não são novidade, mas o assunto parece estar apenas começando

A interseção entre fandoms e política está cada vez mais evidente nas eleições de 2024, onde candidatos como Kamala Harris e Pablo Marçal utilizam estratégias inovadoras para mobilizar suas bases. Harris capitaliza a paixão de fãs de ícones pop, enquanto Marçal, dependente das redes sociais para engajamento, enfrenta desafios após a suspensão de suas contas. Esses exemplos ilustram como a cultura pop e as plataformas digitais moldam as campanhas políticas, influenciando tanto o engajamento quanto a percepção pública dos candidatos.

Estudos sobre fandoms, como os de Henry Jenkins e Cornel Sandvoss, ajudam a entender o poder dessas comunidades em transcender o entretenimento, afetando identidades e decisões políticas. A suspensão das redes de Marçal levanta questões sobre o papel das plataformas na democracia e a capacidade dos candidatos de se conectarem com eleitores em um ambiente digital regulado.

Diante disso, é crucial discutir até que ponto as plataformas digitais devem intervir em campanhas políticas e como a cultura pop pode ser usada de forma ética na mobilização eleitoral. Como essas tendências influenciarão o futuro das eleições e a relação entre cultura e política? Vem comigo refletir sobre esses temas e seus impactos nas dinâmicas na política contemporânea?

Sobre o autor

Mauro Amaral

Meu principal foco de atuação é a criação de projetos de conteúdo interessantes, divertidos e leves para marcas, organizações e produtos.

Em função desta opção, transito bem entre jornalismo, publicidade e entretenimento, pesquisando continuamente e filtrando ativamente as tendências do momento para aplicá-las no dia a dia dos meus clientes.

Construo, mantenho e estimulo equipes criativas há 10 anos; com especial predileção por identificar novos talentos e trabalhar potenciais multidisciplinares.

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