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Teve uma vez que encarei uma jornada incrível, que começou em um escritório da polícia federal em um shopping do Rio de Janeiro e me levou até os 13 km mais bem percorridos dos últimos anos, pelos parques da Disney.
O que é curioso não são apenas os detalhes do planejamento da operação complexa que é levar seis pessoas para outro país saindo do zero.
Bom, para falar a verdade, o planejamento foi em si curioso. Só o cronograma, impresso em folhas de papel A4 coladas umas ao lado das outras, tinha quase 3m de extensão. A foto está aí no post do programa.
Mas, mais do que isso, o que me chamou atenção e desperta assombro até hoje é que os 13 km pareceram muito mais intensos, muito mais detalhados e muito mais vívidos do que qualquer caminhada que eu já havia feito.
E aqui, penso ser oportuno explicar que caminhadas são para mim, o momento ideal de vivenciar um estado de coisas, o meu estar no mundo.
Procuro andar até o trabalho quando posso. Cumprir os afazares domésticos deixando o carro em casa. Para pensar, nada melhor do que caminhar. E, na hora do almoço, topo – mesmo que sozinho – andar 20 minutos até o restaurante para refletir e avaliar sobre as questões que enfrentei pela manhã e sobre as outras tantas que o período da tarde vai trazer.
E isso vem de longe. Fiz tudo o que precisei na infância e adolescência a pé. Por curiosidade, medi a distância no Google Maps: a pé da minha casa na época até o centro comercial do bairro eram apenas 1,3 km. Mas parecia uma volta ao mundo, em descobertas de novos limites, de independência e de, claro, algum risco.
Mas, esses 13 km, que resumem a soma de uma volta em cada um dos quatro parques principais da Disney e à área de compras conhecida como Disney Springs, parecem infinitos em seus 13 mil metros. Que nem são medidos assim por lá, que elegeu a estranha milha como unidade padrão de distâncias horizontais.
Para você entender o que eu quero dizer com isso aqui no Penso#14, preciso dar uma rebobinada nos acontecimentos até dois anos antes dessa viagem maravilhosa. Sim, falar rebobinar entrega a idade de uma forma absurda. Paciência.
R$ 2 e uma caminhada de 2 horas e meia
Estamos em algum dia de 2015 e eu abro a minha carteira às 19h. Tenho exatamente R$ 2 nela. Sim, passei e passo momentos como esses de forma insistentemente desagradável em minha vida.
Eu tenho R$ 2 e preciso voltar para casa, no bairro ao lado de onde estou, a trabalho. Antes de ficar parado pensando, olho para a Av. Ayrton Senna e começo a caminhar. 2 horas e meia depois, chego na porta de casa. Suado, cansado e sem ar.
E, como esse demiurgo metido a gracejos parece ser o arquiteto de algumas coisas que vivemos, a distância não poderia ter sido outra. Os mesmos 13 km.
Pode medir aí no Google Maps. CasaShopping até Anil em Jacarepaguá, ambos na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
E é aqui que chegamos na questão central do Penso#14.
O que diferencia a caminhada deliciosa, inebriante, recompensatória, inesquecível de uma volta nos parques da Disney da outra, feita dois anos anos e que sim, foi perigosa e tediosa, é até meio óbvio.
Foi a quantidade de dinheiro que tinha em minha carteira nas duas ocasiões.
Mas, a título de pensamento original, prefiro direcionar a reflexão para outro lado: o que tornaria esses dois momentos iguais? O que faria essas caminhadas representarem, cada uma a seu jeito uma maneira de encarar e vivenciar o mundo do meu tempo? Esse mundo em que eu caí sem aviso e pretendo estar até que não mais esteja?
Pois eu digo: a forma como eu lido com a adversidade
Sim, tem dias que eu quero parar. Hoje, quando termino o roteiro, gravo, edito e monto o post do programa, por exemplo, é um deles. Outros que acho que já desisti e me mantenho ativo somente pela inércia. E outros ainda, em que 13km são só o começo de uma jornada antes do jantar. Espero que amanhã seja um desses últimos.
Mas em todos eles, lidar com a adversidade é a maneira com a qual resolvi seguir. Porque ela é a única certeza que temos no mundo, nessa pedra sideral que estamos destruindo todos os dias.
Por isso, em mais um capítulo da série “Trechos de livros que leio somente para a minha provável audiência”, achei oportuno trazer uma pequena parte da introdução do livro “Como lidar com a adversidade” de Christopher Hamilton.
O livrinho simpático de rápido leitura faz parte da coleção The School of Life, da escola de filosofia criada pelo Alain de Boton, que tem vários vídeos no youtube (em inglês) e já foi até entrevistado pelo Pedro Bial em seu talk show na Globo. Abaixo, achei um vídeo dele na GloboNews.
Ah, o livro está disponível na Amazon. Comprando por este link do post você me dá um força, na forma de uma diminuta comissão que não altera o preço do livro!
Mas, por enquanto deixa eu te dar uma força por aqui em mais essa edição da série “Trechos de livros que leio somente para a minha provável audiência”. Livro de hoje: Como lidar com a adversidade, de Christopher Hamilton. Editora Objetiva. Página 9.
(áudio da transcrição disponível no áudio deste programa)
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Penso#14, gravado em 26 de outubro de 2019 em, ouçam só vocês, momentos de grande adversidade.