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Vozes. Li em algum lugar uma vez, não me lembro onde, claro, que o timbre de cada um é como uma segunda impressão digital. É impossível você reproduzi-lo com 100% de fidelidade.
Penso que deve ser por isso que mesmo imitadores experientes como o Marcelo Adnet, ao comporem uma paródia de alguém, focam muito no gestual, olhares e demais características. Mesmerizam a nós, como audiência para nos desviar os ouvidos dessa limitação fundamental: a voz é algo precioso.
Por isso, na primeira temporada do projeto mauroamaral.com, descontando as gravações que me serviram de suporte para passar algum conceito para vocês, a única voz que apareceu foi a minha.
Mas, iniciei a segunda temporada prometendo outras vozes por aqui para me ajudar nessa jornada de contar e recontar a história do podcast como um elemento chave na forma de entender as coisas desse mundo tão complexo de 2020.
E, até por isso, aguardei. Estou nessa de me deixar ser perpassado antes de pensar. De estar no mundo de forma menos planejada e mais orgânica. Vivo o meu próprio projeto de mestrado como materialidade de meu insistente pensamento: o podcast tem o poder de reconquistar o contato direto entre produtores de conteúdo e suas audiências.
E, então, esbarrei com a Ingrid Zavarezzi pelos stories da vida. Ela anunciava o seu curso de roteiro para podcast ficcional. Entrei em contato e estava ali, a primeira oportunidade, aceita após o primeiro convite.
Na hora que se segue – um tempo mais longo do que o normal nos programas aqui do podcast – , minha provável audiência vai poder testemunhar como uma autora e roteirista com décadas de experiência na dramaturgia brasileira, conheceu, estudou e se reinventou para assumir os podcasts ficcionais como sua nova paixão criativa.
Vai poder entender o que diferencia o podcast de outras mídias, como elas se complementam porque, na opinião da autora, tivemos um crescimento tão grande nos tempos atuais.
Pode também se inscrever em seu curso, que é 100% online a partir do seu e-mail ingridzavarezzi@gmail.com
Mas, pareço me antecipar. Primeiro, vou permitir que ela se apresente.
Como estruturei o programa
Tanto aqui como em outros podcasts que estou liderando e produzindo (notícias em breve) tenho experimentado um modelo híbrido no qual, após entrevistar um convidado, reflito sobre o papo e insiro alguma narração. É um formato que me ajuda a contar uma história por cima de uma entrevista, o que é bem legal.
No caso ha Ingrid isso ficou mais evidente em um ou dois momentos. No primeiro, falei sobre um viés comum que temos ao analisar produtos de conteúdo/comunicação: a suposta trajetória de um meio a outro, olhada como uma simples evolução. É uma postura bastante questionada em alguns meios.
De minha parte, prefiro entender que sempre ocorrem alguns arranjos sociais e econômicos que vão privilegiar o protagonismo de uma ou outra expressão artística. Podemos abordar a questão a partir do viés da necessidade de entreter as massas após as jornadas de trabalho – no caso do rádio – , por exemplo.
Fiz mais uma intervenção ao final, com uma pegada mais de conclusão também. Porque conversar com Ingrid Zavarezzi na abertura da série de entrevistas que pretendo fazer sobre o papel dos podcasts na reconquista do contato direto entre produtores de conteúdo e suas audiências, foi uma oportunidade única.
A partir de uma testemunha primária do mercado audiovisual brasileiro dos últimos 20 anos, consegui farejar o tamnho da missão que teremos todos nós daqui pra frente.
Primeiro, fazer com o que o clima de independência criativa não nos abandone. Depois, que a mesma indústria que nossos eu líricos tentam evitar, nos subsidie com atenção, audiência e, claro, orçamentos.
Podcasts dignos de seu play
Durante o papo tanto eu quanto Ingrid elencamos diversos programas que a ajudaram a compor sua técnica e montar seu curso de roteiro para podcast de ficção. Segue a lista:
- GunCast com Murilo Gun
- Podcast do Mentor Neto
- Serial, o blockbuster americano
- 1986, um black mirror brasileiro
- Aventuras Bizarras
- A voz de Delirium
- Projeto Humanos
- Lore, que virou série na Amazon
- Homecoming
- Welcome to Night Vale